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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Trabalho genético explica mito do hormônio do crescimento em aves

FLÁVIA MANTOVANI
TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo

Sempre citada como alternativa saudável à carne vermelha, a carne de frango deixou de ser um produto simples de escolher. Nas prateleiras, variações mais caras como o frango "verde" e o orgânico chamam a atenção do consumidor. Afinal, além do preço, que diferença vem com as novas opções?

"Não tem hormônio." Essa costuma ser uma resposta comum. Na esteira de um sistema produtivo em que aves vivem cerca de 45 dias entre sair do ovo e ir ao abate, o mito do uso de hormônios de crescimento na avicultura ganhou força. Spams alertam sobre o risco de puberdade precoce em crianças. De leigos a médicos, não é raro encontrar quem cite o "frango cheio de hormônio" como um potencial perigo à saúde.

Mas hormônios de crescimento, ou substâncias anabolizantes, não são empregados na criação de aves. O que há é o uso
de compostos promotores de crescimento produzidos pela indústria farmacêutica --geralmente por laboratórios que também fazem medicamentos para humanos.

A confusão de termos acompanhou o aumento da produção do alimento, que passou a acontecer em escala industrial depois da Segunda Guerra Mundial. É nesse ponto da história que começam a surgir as atuais estruturas de granjas, em que pavilhões abrigam até 90 mil aves que crescem mais em menos tempo.

Os especialistas garantem que o medo do hormônio não passa de um mito. "É um grande mal-entendido. Não existe nenhuma possibilidade de haver uso de hormônio em frangos de corte. Os animais não respondem a essa substância, e
ela não é viável economicamente", explica a professora Andréa Machado Leal Ribeiro, coordenadora do laboratório de nutrição animal do departamento de zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Gerson Scheuermann diz que, como qualquer outro animal, os frangos têm hormônios naturais. "Mas não são usados hormônios exógenos na criação", afirma o agrônomo, doutor em produção animal.

Melhoramento genético

Segundo os pesquisadores, o melhoramento genético feito durante décadas é um dos grandes responsáveis pelo maior ganho de peso em pouco tempo.

"Ano após ano, são selecionadas as melhores aves, as que ganham mais peso, as que têm melhor performance", esclarece Scheuermann.

O melhoramento é impulsionado, segundo Ribeiro, pelo fato de a galinha ter muitos pintinhos, o que permite fazer uma seleção melhor. "A vaca, por exemplo, tem um bezerro por ano. Já a galinha bota 280 ovos anualmente", compara. "Nossas avós conheciam um frango diferente do que temos hoje.

Em duas gerações, a ave mudou muito. As pessoas simplificam e acham que foram os hormônios", completa.

Segundo ela, estudos já avaliaram o uso de hormônios em aves, mas os resultados não foram bons. "Não encontraram
nada que estimulasse o crescimento além do próprio potencial genético do animal."

Os avanços na nutrição (com rações consideradas mais balanceadas do que a dieta de um ser humano), o controle ambiental (como regulagem de luz e temperatura) e o desenvolvimento na prevenção e no tratamento de doenças também são apontados como fatores que fazem o frango crescer mais rápido.

Promotor de crescimento

Apesar de não serem utilizados hormônios, criadores convencionais colocam na ração os promotores de crescimento.
São antibióticos usados em dosagem muito menor do que a recomendada para fins terapêuticos. Por melhorarem as condições do intestino do animal, evitando diarréias, os produtos fazem com que ele aproveite melhor o que come.

Em muitos países da Europa, essas substâncias são proibidas. O argumento é que elas poderiam contribuir para a resistência das bactérias aos antibióticos, tornando os remédios desse tipo ineficazes para doenças humanas.

"É uma discussão recente no mundo, às vezes acalorada. A principal causa da resistência bacteriana são os antibióticos
usados pelos próprios humanos. Além disso, a substância não se deposita nos músculos dos animais nem deixa resíduos", diz Scheuermann.

A inofensividade dos antibióticos não é unanimidade. "Ninguém pode dizer com segurança que não deixam resíduos. Exames não detectam moléculas inteiras dessas substâncias. Quimicamente, os resíduos teriam outra estrutura", observa
Luiz Carlos Demattê Filho, gerente de produção animal da Korin. A empresa, seguidora dos princípios da agricultura natural da Igreja Messiânica, não faz uso de antibióticos nas criações de frangos.

Mesmo entre os criadores convencionais, a prática é suspender a inclusão dessas substâncias na ração nos sete dias
que antecedem o abate. E, devido às restrições européias, os produtores brasileiros vêm diminuindo o uso delas por alternativas como extratos vegetais, probióticos e enzimas.

Fonte: compartilhamento do perfil de Cinthia Eyng no Facebook.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u4286.shtml

Marfim de Mamute ou de Elefante?

Muitas pessoas sabem que o comércio de marfin de elefante foi proibido mundialmente em 1989 na tentativa de evitar a extinção da espécie. Mas o que pouca gente sabe é que o comércio de marfin de mamute é legal e movimenta grandes valores no mercado mundial.
O mamute foi extinto há 12.000 anos e pertenceu à mesma família dos elefantes. Seu marfin, assim como o dos elefantes, hipopótamos, morsas e etc, é muito procurado principalmente para manufatura de objetos de arte.
Mudanças climáticas e eventos geológicos fizeram emergir ossadas de mamutes na Sibéria há vários anos. Dentre estes fósseis estão os preciosos dentes que podem ser encontrados em estado quase perfeito. São toneladas de marfim que estão sendo exploradas para atender o mercado mundial em substituição ao proibido marfim de elefantes. Um dos principais consumidores é a Ásia, responsável por grande parte da oferta.
A descoberta de grandes quantidades de marfim de mamute na Sibéria tem levado os ecologistas a encorajar a sua comercialização e conservação. Este mercado, legalizado, movimenta altos valores e o quilo vem sendo vendido por mais de U$ 1.500,00 no mercado ocidental. 
Fonte: http://www.sbccutelaria.org.br/

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Copa do Mundo pode aumentar riscos ao agronegócio, diz especialista

Qual a relação entre a agropecuária brasileira, a Copa do Mundo e o turismo? Há quem diga que nenhuma apesar de serem atividades rentáveis. Mas aí reside o engano. Para os especialistas em Defesa Agropecuária ao se somar os três elementos a equação pode causar sérios danos para o Brasil. De acordo com o Projeto de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária a preocupação está relacionada com dois fatores gerados a partir da Copa: o impacto na infraestrutura do País e o intenso trânsito de pessoas.
Ao conquistar a oportunidade de acolher, em 2014, a Copa do Mundo, o Brasil terá a tarefa de realizar múltiplas obras para receber os milhões de turistas internacionais que desembarcarão e circularão pelo país. Definitivamente o País que está sendo erguido para sediar um dos mais prestigiosos eventos mundiais será bem diferente daquele conhecido pelos brasileiros. Fora os 12 estádios que serão construídos ou reformados, o "Projeto da Copa" tem em seu escopo obras de infraestrutura que atingem a mobilidade urbana (avenidas, corredores metropolitanos, acessos a aeroportos, urbanização no entorno dos estádios), ampliação do setor de transporte (rodoviário e aéreo) e crescimento da rede hoteleira que implica no aumento do fluxo turístico.

No entanto, segundo o Projeto InovaDefesa se por um lado, o mega-evento esportivo pode representar um catalisador de aceleração do processo de investimento em áreas cruciais, por outro, ele pode desencadear um colapso na cadeia produtiva do agronegócio. Os riscos, comenta o coordenador do projeto Evaldo Vilela, estão ligados ao ingresso de pragas associado ao aumento do trânsito de pessoas e produtos.

"O fluxo turístico radiado pela Copa aumenta o risco da introdução de pragas e doenças que podem comprometer nossa agropecuária. Vale lembrar que por motivos de segurança, não é possível transportar, por exemplo, uma bananeira de Belém para sul do país, porque ela pode conter algumas doenças que não existem naquela região. Agora imagine a situação da Copa. Serão visitantes de todas as partes do mundo. Vindo de avião, carro e ônibus. E cada turista é potencialmente um transmissor, mesmo que não tenha intenção, ele pode trazer na bagagem um lanche ou mesmo, preso a sua roupa, algum organismo exótico. E nem precisamos nos focar apenas nas pessoas. A roda do veículo que transporta, seja carga, seja o turista também pode trazer algum tipo de material orgânico estranho", explicou Evaldo.

Mas não é apenas a movimentação de pessoas e produtos que preocupa o especialista. Paralelo a este fator há também o impacto da infraestrutura que está sendo preparada para Copa. Com a ampliação das rodovias e aeroportos aumenta-se a demanda por fiscalização. Para Evaldo sem ela não é possível conter a indesejada distribuição de pragas no agronegócio que trará prejuízos para o produtor.

"Há pelo menos 80 espécies regulamentadas como quarentenárias ausentes pelo Brasil e reportadas em países da América do Sul ou Trindade e Tobago, além de 30 agentes patogênicos de notificação obrigatória também em países da América do Sul que não foram notificados no Brasil nos últimos três anos. Estas espécies, por definição, apresentam um alto potencial de impacto para a agropecuária brasileira. O seu ingresso poderá resultar perdas expressivas na produtividade, fechamento de mercados, custo do desenvolvimento de tecnologias de controle, bem como, o próprio esforço de controlar o incidente", comentou Evaldo.

O quadro mais ilustrativo é tingido pela História. Na Europa, ainda no século XIX, a Irlanda foi acometida por um fungo introduzido que destruiu totalmente a produção de batatas no país, o que levou à fome e à morte de um terço da população. No Brasil, no início desse século, apareceu o fungo que provoca uma doença chamada ferrugem na soja. Até momento, ele provocou prejuízos de bilhões de dólares, dano que só não foi maior por causa a eficiência de certas medidas de adotadas. Na área animal, vale lembrar, o foco de aftosa registrado no Paraná, em 2005. As perdas somadas naquele período chegaram a U$ 326 milhões. Sem a possibilidade de exportar o produto, produtores e donos de frigoríficos tiveram o prejuízo diário de R$ 5 milhões, segundo dados oficiais do Estado.

Outra hipótese que não está descartada é a do bioterrorismo. Na opinião do coordenador do Projeto InovaDefesa, essa possibilidade deve ser considerada. Sem querer criar pânico, ele esclarece que a ideia é cogitada porque o País possui grande destaque na produção de alimentos. Evaldo recorda o caso da praga vassoura-de-bruxa que atingiu a produção de cacau na década de 80 no Brasil. "Acredita-se que a introdução da vassoura-de-bruxa no solo brasileiro foi intencional. A praga devastou as plantações tirando o país do segundo lugar nas exportações do produto no mundo. O Projeto Inovação para a Defesa Agropecuária trata especificamente destes assuntos. E como pano de fundo, está a minimização do impacto das introduções de produtos, ou bens, que podem desencadear danos ao setor produtivo, no tocante às importações e exportações", concluiu.

O tema da Copa do Mundo é um dos eixos temáticos da 3ª Conferência Nacional de Defesa Agropecuária que será realizada em Salvador, entre os dias 23 a 27 de abril de 2012, no Centro de Convenções da cidade. O evento tem o propósito de difundir o conceito de Defesa Agropecuária como política pública, relacionada a diversos segmentos componentes da agropecuária: produção, industrialização, comercialização, saúde pública, sustentabilidade ambiental e o caráter estratégico da defesa agropecuária, associada à soberania nacional.

InovaDefesa

O Projeto InovaDefesa foi uma demanda induzida pelo Fundo Setorial para o Agronegócio que, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), concedeu recursos financeiros a um conjunto de instituições sob a coordenação da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O Projeto tem por objetivo aproximar a academia e os centros de pesquisa do tema, setor empresarial e órgãos de governo das esferas estadual e federal envolvidos com o tema.

As ações são focadas em: (1) indução de cursos de Mestrado Profissional e de curta duração; (2) facilitação da transferência de tecnologias para o setor privado ou órgãos regulatórios; (3) indução de uma visão estratégica sobre o sistema de Defesa Agropecuária e (4) criação de espaços presenciais e virtuais de interlocução.

No que se refere à indução de visão estratégica, o Projeto InovaDefesa vem realizando desde 2009 estudos e levantamentos sobre pragas agrícolas e sobre agentes patogênicos de animais que ocorrem nos países da América do Sul e Caribe, mas que não tenham sido relatados no Brasil ou que não tenham sido registrados nos últimos anos. O fato que motivou o início desta linha de pesquisa foi a informação de que o Governo Federal está realizando um conjunto de obras de infraestrutura viária, as quais levarão a um incremento no trânsito nacional e internacional de pessoas e mercadorias.

Informações e inscrições: www.inovadefesa.ning.com.

FONTE

Projeto de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária
Embrapa Gado de Corte
João Costa Jr. - Jornalista