Dos frutos provenientes da agropecuária, apenas na produção de ovos o Amazonas é autosuficiente. Por mês são produzidos cerca de 50 milhões – a maioria em Manaus e municípios da Região Metropolitana – de unidades e o setor gera renda para 20 mil pessoas.
No entanto, na cadeia produtiva há uma série de gargalos a serem superados desde o início da prática da cultura no Amazonas, na década de 60. O maior entrave se dá nos insumos, especificamente, no consumo de milho pelos produtores para a produção da ração. O Amazonas não cultiva em grande escala milho, que é comprado de outros Estados.
O Estado conta atualmente com 80 granjas, a maioria delas instaladas na Região Metropolitana de Manaus. Os trabalhadores têm renda que variam de um salário mínimo a R$ 1,2 mil. O setor foi alavancado por imigrantes japoneses. Na década de 80, o Amazonas tinha cerca de 5 mil aves produzindo 200 mil ovos/mês, em média. Hoje, são cerca de 2 milhões de aves com produção estimada em 50 milhões de ovos ao mês.
Na avaliação do presidente da Associação Amazonense de Avicultura, Shigeteru Sakamoto, o setor vai bem e tem fomentado outras culturas, como a de hortaliças, através da utilização do esterco. “Porém, por não produzir insumos no Amazonas perdemos rescursos e quando o Estado entra na negociação dos preços afeta de modo negativo o setor”, disse.
A ração para alimentar as aves, que têm vida média de quatro anos, leva milho (62%), farelo de soja (25%), cálcio (7%), farinha de carne (6%) e ainda vitaminas. “Falta vontade política para fomentar a avicultura e agricultura no Amazonas. Só se fala em Zona Franca. É estranho, mas enfrentamos os mesmos problemas que na década de 70 quando cheguei no Amazonas”, explicou Sakamoto.
Segundo ele, a saca de 60 quilos do produto vindo de Rondônia ou Mato Grosso custava em outubro de 2011 entre R$ 32 a R$ 34, hoje, varia entre R$ 40 a R$ 42. Por mês o Estado consome mais ou menos 5 mil toneladas de milho. Os avicultores precisam ainda se programar quanto ao trânsito deste insumo que leva em média 20 dias para chegar a Manaus. A mesma dificuldade é enfrentada em relação aos demais insumos.
Sem possibilidade
Segundo o titular da Secretaria de Produção, Eron Bezerra, não há a mínima possibilidade dos produtores que cultivam milho produzirem para a avicultura. “É simples. Um hectare de milho verde rende até R$ 10 mil, enquanto que, o milho seco apenas R$ 2 mil”.
Milho para consumo humano
Além da produção de ovos na Região Metropolitana de Manaus, outros 26 municípios do Amazonas investem no setor de avicultura. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), isso corresponde a um total de 825 cadastrados.
Entre eles está a produtora familiar, Rita de Andradre Moreira, que tem uma granja em Tefé com 1.500 aves e que produz pouco mais de mil ovos por dia. O produto é vendido para a comunidade e o valor da dúzia é de R$ 3,50. Por mês, ela e o marido têm renda de R$ 3 mil.
Ainda segundo a Conab, a representatividade do Amazonas na produção de milho é de 0,03% em relação aos demais Estados brasileiros. A expectativa da instituição é que o ano encerre com uma produção de quase 37 toneladas de grãos de milho.
De acordo com o secretário da Sepror, Eron Bezerra, essa produção é utilizada para consumo humano e em 45 dias, após a plantação, os frutos já podem ser colhidos.
Fonte: A Crítica (de Manaus/AM)